2.10.07

Governador do DF ‘demite’ o gerúndio por decreto

GDF proíbe uso do tempo verbal 'gerúndio'
Lilian Tahan
Do Correio Braziliense
Ana Maria Campos

Enviada especial

02/10/2007

09h10-O governador José Roberto Arruda (DEM) baixou um decreto que dividiu os seus subordinados entre incrédulos e temerosos. O chefe do Executivo local mandou publicar na edição de ontem do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) a demissão do gerúndio, tempo verbal que entre outros possíveis significados expressa ação contínua. Exemplo: fazendo, elaborando, preparando, terminando… Todas palavras têm em comum as últimas três letras (ndo) e o sentido metafórico de longo prazo.

O decreto número 28.314 “demite o Gerúndio e dá outras providências” especificadas em quatro artigos. Entre eles, o 2º, “fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de ineficiência”, e o 4º, “revogam-se as disposições em contrário”.

O teor nada convencional do decreto foi recebido com desconfiança entre os destinatários da mensagem, os subordinados de Arruda, e pegou muitos assessores de surpresa. “Eu não tinha idéia e cheguei a pensar que fosse uma brincadeira até ver cópia do Diário”, contou o secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho. Ele, no entanto, apoiou a idéia do chefe: “Deveria ser um decreto federal, porque na minha opinião quem usa muito gerúndio quer enrolar”.

Preocupação
Na manhã desta segunda-feira, o secretário de Governo, José Humberto Pires, externou para colegas do Buritinga a preocupação de que a medida virasse chacota entre a opinião pública. O sec retário de Esporte, Aguinaldo de Jesus, que também despachava no Centro Administrativo demonstrou, no episódio da demissão do gerúndio, preocupação com a própria pele. “Antes ele do que eu”, disse Aguinaldo.

O presidente do Tribunal de Contas do DF (TCDF), Paulo César Ávila, opinou, em tom descontraído, que a medida do governador é “caso para um pedido de exame de sanidade mental”. O governador, no entanto, reforçou durante entrevista à reportagem do Correio em Washington suas motivaç ões para o decreto publicado ontem. “Esse é um recado bem-humorado para a minha equipe contra a ineficiência. No meu governo, a variável tempo tem de estar incluída em todas as discussões”, explicou. “É preciso sempre estabelecer metas e cumpri-las num determinado prazo”, acrescentou.

Arruda decidiu assinar o documento um dia antes de embarcar para os Estados Unidos, na sexta-feira. Ele alega ter perdido a paciência com alguns assessores que estão sempre “fazendo”, “providenciando”, “ estudando”, “preparando”, “encaminhando”. Mas nunca concluem um trabalho ou jamais estabelecem um prazo para a finalização. O governador deu como exemplo de “enrolação” um administrador regional que um mês depois de receber as reivindicações dos moradores numa rodada do “Governo nas Cidades” ainda não havia tomado as devidas providências. “Nessa cidade, mais de 80% das ações não tinham saído do papel”, afirmou.






Decreto nº 28.314, de 28 de setembro de 2007

Demite o gerúndio do Distrito Federal, e dá outras providências.

O governador do Distrito Federal, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 100, incisos VII e XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, DECRETA:

Art. 1° - Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal.
Art. 2° - Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de INEFICIÊNCIA.
Art. 3° - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 28 de setembro de 2007.

119º da República e 48º de Brasília
JOSÉ ROBERTO ARRUDA"

2 comentários:

An@ disse...

Este problema do uso incorreto e abusivo do gerúndio virou um problemão... Beijos pra vc

P.S.(Não a vi mais no MSN, tô esperando prouvir as novidades!)

Unknown disse...

kkkkkkkkkkk! Sensacional!
Só não posso estar elogiando, senão desrespeito o decreto: logo, elogio logo!
Hilmar I S Ferreira
Salvador BA
www.geocities.com/hilmar_ilton